Estudos para Fados e Afins.
E, por falar neles, encontrei esse escrito de Giorgio Agamben, que destrincha a palavra ESTUDO.
Em “A ideia do estudo” ele começa dizendo que “Talmud significa estudo”, e, mais adiante,... ”que o estudo não só não pode ter fim, como também não quer ter. A etimologia da palavra studium torna-se então transparente. Ela remonta a uma raiz st- ou sp, que designa o embate, o choque. Estudo e espanto (studiare e stupire) são, pois, aparentados nesse sentido: aquele que estuda encontra-se no estado de quem recebeu um choque e fica estupefato diante daquilo que o tocou, incapaz tanto de levar as cosias até o fim como de se libertar delas. Aquele que estuda fica, portanto, sempre um pouco estúpido, atarantado. Mas, se por um lado, ele fica assim perplexo e absorto, se o estudo é essencialmente sofrimento e paixão, por outro lado, a herança messiânica que ele traz consigo incita-o incessantemente a prosseguir e concluir. Essa festina lente, essa alternância de estupefação e lucidez, de descoberta e de perda, de paixão e de ação constitui o ritmo do estudo”.
Ao fim do brilhante ensaio, Giorgio Agamben, depois de conjeturar sobre o papel do estudante, que para ele é a imagem que encarna o estudo em nossa cultura ocidental e, após citar exemplos na literatura até chegar a Bartleby, “o escritor que deixou de escrever”, ele diz: Desse modo, o estudo liberta-se da tristeza que o desfigurava, para regressar à sua verdadeira natureza: não a obra, mas a inspiração, a alma que se alimenta de si própria.
Em anexo, a primeira imagem de ensaio com a diretora Maria Thaís, quando apresentei alguns experimentos iniciais sobre o tema dos fados- mares, em final de maio de 2016.