Diário de ensaios e desenvolvimento do “Processo de Estudo para Fados e Afins”
➤Dia 27/06/2016 (segunda feira)
Ensaiei tanto na sexta-feira passada, que hoje ainda sinto as costas em petição de miséria. O trabalho hoje foi sobre o porto de entrada e o porto de saída, com uma canção do Lenine e este poema de João Cabral de Melo Neto:
Pregão Turístico do Recife
Aqui o mar é uma montanha
Mais alta que os arrecifes
E os mangues rasos do sul
Do mar extrair podeis
Do mar deste litoral
Um fio de luz exata
Matemática ou metal
Na cidade propriamente
Velhos sobrados esguios
Apertam seus ombros calcários
De cada lado de um rio
Aprender lição madura:
Um certo equilíbrio leve
Na escrita, da arquitetura
E neste rio indigente
Sangue-lama que circula
Entre cimento e esclerose
Na sua marcha quase nula
E na gente que se estagna
Nas mucosas deste rio,
Morrendo de apodrecer
Vidas inteiras a fio
Podeis aprender que o homem
É sempre a melhor medida
Mais: que a medida do homem
Não é a morte mas a vida.
Também foi inspiração a música Nau Bretoa: Nas águas verdes do mar, Vi um paquete bonito/Quando o farol deu sinal, Eu avistei Porto Rico.
O trabalho será retomado agora no dia 18 de julho.